quarta-feira, 3 de junho de 2015

A arte de esperar (ou do auto boicote)



Ela acordou atrasada, mais uma vez, e recorreu às anotações amassadas, manchadas com pingos de café, para, em mais uma tentativa frustrada, buscar uma resposta à sua mania.

Assim como muitos, ela tinha uma mania boba de esperar. Talvez a mania tenha surgido com a vida, que nos faz esperar por tantas coisas. Pelo ônibus, pela roupa úmida no varal, pelo bolo no forno, pelo sorriso gratuito, pelo amor...

Ah, o amor! Esse incansável fanfarrão que parece que vai chegar e parar o mundo, gelar a boca do estômago, te virar de ponta cabeça. Mas, para ela, este era também apenas mais uma de suas esperas.

Ela queria ir à Europa. Mas, decidiu que esperaria uma condição financeira apropriada. E também, que esperaria um lindo príncipe para deixar a jornada mais divertida.

O príncipe, ah, este deve estar por aí esperando por várias outras coisas, menos por ela.

E os dias seguiam assim, à espera por uma proposta de emprego melhor, à espera de conseguir um tempo para encontrar com amigos, à espera de tempo para cuidar de si, à espera do sono, que se perdia noite após noite de tanto pensar nas coisas que pediam tanta espera.

E os dias continuavam iguais. Ela esperava que tudo mudasse, mas as mudanças esperavam que ela parasse tanto de esperar.

E ela esperou o café ficar pronto, esperou seus olhos passarem lentamente em cada uma daquelas anotações amassadas, esperou encontrar uma resposta às inúmeras perguntas que nunca fez, pois esperava o momento certo para dizer.

Saiu de casa com a cara ainda amassada, típica de quem não esperava que a manhã chegasse tão depressa. Esperou pelo ônibus, lembrou da roupa úmida no varal e do bolo que a esperava quando retornasse para casa. Esperou um sorriso gratuito, esperou pelo amor, que não a esperou, porque não sabia que ela o estava esperando.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O misterioso caso do desaparecimento do almoço

Sempre gostei muito de cozinhar. Quando era criança preparava macarrão instantâneo com maestria e acreditava ter feito algo muito elaborado. Auxiliava minha bisa, minha avó e minha mãe na cozinha; batendo claras em neve, misturando a massa do bolo, cortando ingredientes, até que comecei a cozinhar meus próprios pratos. No começo eram muito salgados ou até mesmo um pouco queimados, mas com o tempo passaram a se tornar motivo de reunião entre amigos e familiares. Realmente a prática leva à perfeição!

Uma pena que com a correria da tripla rotina de trabalho (assessora de imprensa, jornalista e cantora) eu não tenha tanto tempo livre para me dedicar a preparar aquela comidinha com o tempero exato e com os ingredientes necessários para uma saúde exemplar, muitas vezes acabo optando por sopas de caneca, coxinhas de bar ou um PF no boteco mais próximo, faz parte da profissão...

Costumo dizer que eu trabalho 24 horas por dia. Parece impossível, mas é real! Até os meus sonhos servem de inspiração para composições, textos e pautas. Quantas vezes chego em casa e vejo várias coisas para fazer, porém deixo minha vida pessoal de lado para cuidar da vida pessoal de clientes, criar estratégias para seus negócios ou então finalizar matérias que preciso entregar na data correta para o fechamento da revista. Poucas horas para dormir ou para apenas relaxar lendo um bom livro ou assistindo a um filme de terror tosco, mas divertido!

Trabalhar com arte e comunicação é estar o tempo todo pensando, prestando atenção ao que acontece por perto, ao que acontece longe e até mesmo ao que não aconteceu. É saber inovar, entender o público e oferecer-lhes algo pelo o qual estejam buscando. Talvez por isso a minha paixão pela gastronomia; assim como jornalistas buscam assuntos, chefs buscam sabores.

Dia desses me dei o direito de almoçar em casa. O tempo que eu ficaria num restaurante aguardando a comida seria o mesmo de prepara-la, tendo ainda a vantagem de escutar boa música e gastar um valor bem menor pelo prato. Não que eu seja sovina, mas, almoçar fora todos os dias, quando unido aos happy hours do trabalho, com clientes e com a banda consomem uma quantia significativa do meu orçamento, então, sempre é bom dar uma maneirada nos gastos. Sem contar que almoçar em casa ainda me rende frutas frescas como sobremesa e algumas gargalhadas ao ver o Gato (meu bichano de estimação) aprontando suas peripécias.

Ainda não descobri uma forma de associar cultura e gastronomia à investigação. Sim, do dia para a noite me tornei uma repórter investigativa. Na realidade nunca achei que isso pudesse acontecer comigo. E de repente uma pauta sobre desaparecimentos misteriosos caiu em minhas mãos. De certa forma a investigação seria voltada à gastronomia, mas ainda era pouco para entender como proceder diante da situação.

Há alguns dias meu chefe contava sobre o tanto de absurdos que já vivenciou em empresas. Picuinhas pequenas entre departamentos, briguinhas por uso de materiais e até mesmo funcionários que buscavam solução para a mistura de suas marmitas, que haviam sido roubadas. Isso me fez lembrar de uma foto que vi no facebook, lembro-me que na época ri muito achando uma situação absurda e sem o menor cabimento, mas era a foto de um cartaz que dizia: “por favor, não roube a mistura da marmita”. Nesse momento acreditei que aquele cartaz não era apenas uma brincadeira, mas, sim, um problema que acontecia em empresas. Mas ainda acreditei que seria aquele tipo de “caso folclórico” que jamais presenciaria em meus anos de trabalho.

No dia seguinte ao que preparei o almoço em casa, resolvi levar marmita ao trabalho, afinal, havia ainda comida suficiente para duas pessoas. Preparei então um potinho com almoço para uma colega de trabalho e para mim. Mas, como nossas rotinas nunca existem, cada uma foi para uma reunião e não nos encontramos no almoço. Acabei comendo num fast food na rua e de uma reunião corri para outra. Cheguei ao escritório morrendo de vontade de comer uma mixirica, havia separado meia dúzia e levado de sobremesa, para distribuir a algum colega que também quisesse. Mal coloquei minhas coisas na mesa e corri para a cozinha. Ao chegar lá não encontrei minhas frutas, nem a marmita. Ao menos fiquei feliz que o almoço havia sido consumido pela colega. Por fim achei uma mixirica escondidinha na geladeira e voltei ao trabalho.

Após finalizar aquela fruta suculenta e adocicada, num momento de paz e tranqüilidade recebi a notícia que me deixaria alerta: a minha colega não havia almoçado! Eis que me deparo com a situação que até então seria folclórica e absurda, havia entre nós um “ladrão de marmitas” na empresa. E não, ele não roubava apenas a mistura, o serviço era completo, até deixava o potinho lavado e guardado na bancada.

Por um momento tive até uma sensação de satisfação: minha comida estava tão bonita que apeteceu alguém. Por outro lado me senti revoltada, afinal, como é que alguém rouba o almoço de outra pessoa? Para mim a situação é totalmente surreal! Já dividi tanta marmita com amigos que nunca pensei que alguém pudesse sumir com o almoço de um colega sem antes pedir. Cheguei ao ponto de dizer que estou indignada, mas não quero mais pensar no assunto.

Melhor me concentrar na pauta de investigação. Afinal, agora terei que cuidar de gastronomia, cultura e ainda colher informações suficientes para escrever a saga do “ladrão de marmitas”. Cuidado, você pode ser o próximo!


quarta-feira, 11 de maio de 2011

No escuro

E é quando a noite cai que eu me levanto!

Vestida com restos de brilhos passados

E com falas certeiras sobre o que desejo.





É quando tudo escurece que minha luz se acende

Com idéias renovadas pelo dia que se foi

E com lamúrias amargas pelo o que ficou





É na escuridão que os bichos soltos saem pra pensar

Sem luzes para ofuscar as idéias


Se colocam pra fora de suas tocas pra tocar


a noite, a música, a boca aberta bem em frente...




Se jogam na estrada pra falar


poemas, piadas, e o que mais ninguém sente!


Se perdem no mundo e não querem voltar


pro dia, pra casa, pra dor que sentem.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Solte a corda...liberdade é a chave para a felicidade


Você se considera livre? Até onde podemos dizer que somos donos realmente de nossas próprias vidas e pensamentos? Acreditamos realmente no sentido de liberdade a ponto de não apenas querer ser livre, mas também deixar livre os que nos cercam?

Questionamentos sobre a liberdade de pensamento e conduta do ser humano são discutidos há centenas de anos por pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Baruch Espinosa, Jean-Paul Sartre, Friedrich Nietzsche, entre tantos outros. Cada um à sua maneira, mas todos partindo de conceitos sobre a liberdade de nossa existência, de nossas vontades, de nossas necessidades como seres vivos e racionais.

Sendo em tratados políticos ou de relacionamentos humanos, a liberdade sempre foi uma preocupação nos estudos. Até onde o sistema pode interferir na liberdade da figura humana ou até onde as ações e sentimentos humanos podem interferir sobre a vontade de outro ser?

Aprecio muito a idéia de Locke sobre o “Homem no Estado de Natureza”, antes de formalizar o “Contrato Social”, onde as relações humanas deveriam ser pautadas sobre a premissa de que “o meu direito termina quando começa o direito do outro”, não que de certa forma isso não exista após a instituição de normas que garantam tais direitos, mas o que questiono aqui é exatamente esse pensamento puro e simples do não interferir no direito de outro ser.

Temos o direito de amar, temos o direito de odiar, temos o direito de nos vestir da maneira que quisermos (isso porque nos foi instituído usar roupas, pois se não fosse “obrigatório”, talvez muitos utilizariam o direito de andar por aí nus em dias de calor extremo), temos o direito do que quisermos sobre NOSSA existência. Porém, o fato de amar alguém não nos permite fazer que outra pessoa nos ame se isso não for o que ela sente, é interferir no direito do outro. Não podemos querer que alguém odeie algo só porque odiamos. Não aprendemos o conceito da liberdade, mas sim, da imposição de valores.

Nossa liberdade, em muitos casos, é imposta pela sociedade. Temos que acreditar nos valores que nos são passados pela família, pelos amigos, pela sociedade no geral, então, de alguma forma essa liberdade deixa de ser plena e se torna parcial. Nossa autonomia sobre nossas ações é gerida por imposições de moral, costume, política para uma organização de bem-viver.

“Tenho como fórmula um princípio. Todo naturalismo na moral, isto é, toda sã moral, está dominada pelo instinto da vida; [...] A moral antinatural, isto é, toda moral ensinada, venerada e predicada até agora, se dirige, ao contrário, contra os instintos vitais e é uma condenação já secreta, já ruidosa e descarada desses instintos.” (Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos)

Padronizar comportamentos talvez seja uma maneira mais simples de entender e organizar a sociedade, porém, para mim, e também para Nietzsche, essa liberdade formatada nada mais é do que a condenação do que há de mais puro e belo no ser humano em seu estado natural: a verdade. Se usássemos nosso poder racional para entender as emoções, saberíamos o momento exato de não interferir nos direitos dos outros.

Escuto as pessoas falarem sobre o amor. É lindo quando vemos os casais apaixonados e achamos que nasceram um para o outro. Realmente isso seria lindo se ela não fizesse bico quando ele tomou todas no bar com os amigos, chamou a garçonete de gostosa e esqueceu de ligar pra ela ao chegar em casa. Pois bem, se o amor é um sentimento puro e se baseia na liberdade, sim, LIBERDADE, pois amor sem liberdade não é amor, é POSSE, por que é que o moço não pode usar sua liberdade para um momento de descontração com os amigos? E por que ele tem a OBRIGAÇÃO de telefonar para avisar que está tudo bem? Calma, meninas, não estou sendo machista, também me questiono por que eles fazem birra quando saímos sem suas companhias e não damos satisfação sobre o que estávamos fazendo. A questão aqui não é machista ou feminista, mas sim, sobre a intervenção nas escolhas do outro, sobre a falta de entendimento sobre a LIBERDADE.

Rousseau já defendia a idéia de que o homem é bom por natureza, mas está sujeito às influências corruptoras da sociedade. Acreditava sim que ciúme em relações amorosas é algo intrínseco ao ser, porém, isso não pode ser instrumento de limitação, pois ao renunciar à liberdade, o homem abre mão de suas qualidades que o definem como humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do espírito. De acordo com o filósofo, para que possamos recuperar a liberdade perdida pelos padrões impostos pela sociedade é necessário um verdadeiro mergulho rumo ao nosso autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.

Agora proponho a experiência sensorial de entrega à natureza: você se imagina sendo controlado, fazendo tudo o que os outros querem sem poder mudar nada? Ouviria cada ordem sem questionar o que sente de verdade? Não procuraria no seu íntimo o que gostaria que acontecesse em determinada situação? Não desejaria que todos os atos tomados em sua vida fossem repletos de realização e felicidade? Não gostaria de sentir-se livre para falar e agir da maneira como realmente acha que deve ser? Já imaginou sua vida perfeita? Então agora me pergunto, em algum momento se pegou pensando numa vida aprisionada e seguindo limitações impostas e não que venham do seu verdadeiro ser? Seja livre, deixe os outros livres e assim a felicidade plena acontece na sua vida.

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: ‘Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vive-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequência’ – [...] Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal em que lhe responderias: ‘Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” (Friedrich Nietzsche, A gaia ciência)

Somos seres livres e capazes de mudar nossa realidade. Não podemos nos permitir contaminar com as loucuras sentimentais que a sociedade cria ao longo de sua existência. Devemos procurar nosso mais puro sentimento, e buscar uma vida livre e feliz! Nada que é oprimido pode ser saudável às nossas razão e emoção e NUNCA devemos impor a outro ser a maneira como ele deve fazer sua vida feliz.

Faça por você, se liberte dos conceitos mesquinhos e crie uma atmosfera de real liberdade para atingir a felicidade, todo o resto, é conseqüência de suas ações balanceadas entre razão e emoção.

Andressa Dantas

sexta-feira, 24 de julho de 2009

E a gripe me pegou...

É...se tem uma coisa nessa vida que me deixa mais irritada do que a ignorância das pessoas é a tal da gripe...
Ninguém merece ficar fanho, com corisa, cara inchada, dor de cabeça, tontura e uma sede que parece que você tem que tomar toda a água do mundo!
Pior do que isso é estar nessa situação à véspera de um show. Pois é, vou tocar hoje a noite e estou parecendo que acabei de sair de um filme de terror...hahahhaahahaha
Que coisa bizarra, não...
Mas, pelo menos fiquei de papo pro ar aqui na casa da vovó...tomando sopinha e vendo filmes antigos...desse jeito não tem como não se recuperar!

Bem, nada de muitas idéias hoje, afinal minha cabeça está rodando demais...

O legal de ficar "ausente" é ver que pessoas que nem imaginamos realmente se preocupam e sentem nossa falta...rs

Beijos e ótimo final de semana a todos!!!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Trecho de "Pequenos encontros casuais"

(...) "E o que era distante tornou-se intensamente próximo, aquecendo a frieza que havia entre nós.
Mãos, lábios, olhos a se encaixar.

Vontade de me entregar e orgulho que não me deixa aproximar.


Sem perceber meu pensamento já era por você. Mas não esse tipo de pensamento controlador e mesquinho que as pessoas chamam de amor, e sim, um sentir mais profundo de ficar feliz em ver-te voar sem saber se irá voltar.

Agora fica apenas o gosto das palavras ditas, dos carinhos trocados, dos risos bobos, esperando que tudo se renove caso aqui retornes" (...)



Andressa Dantas

Primeiras idéias

Na verdade estava ensaiando para começar este blog há quase um ano. A vontade de começar a escrever minhas idéias por aqui nada mais era do que uma de tantas idéias que tenho ao longo dos meus dias.

Aqui terei espaço para publicar algumas composições, artigos, textos, curiosidades, idéias...e espero que você que está lendo esse post compartilhe também as suas idéias!

Seja bem vindo!

E tenha boas idéias...