quarta-feira, 27 de abril de 2011

Solte a corda...liberdade é a chave para a felicidade


Você se considera livre? Até onde podemos dizer que somos donos realmente de nossas próprias vidas e pensamentos? Acreditamos realmente no sentido de liberdade a ponto de não apenas querer ser livre, mas também deixar livre os que nos cercam?

Questionamentos sobre a liberdade de pensamento e conduta do ser humano são discutidos há centenas de anos por pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Baruch Espinosa, Jean-Paul Sartre, Friedrich Nietzsche, entre tantos outros. Cada um à sua maneira, mas todos partindo de conceitos sobre a liberdade de nossa existência, de nossas vontades, de nossas necessidades como seres vivos e racionais.

Sendo em tratados políticos ou de relacionamentos humanos, a liberdade sempre foi uma preocupação nos estudos. Até onde o sistema pode interferir na liberdade da figura humana ou até onde as ações e sentimentos humanos podem interferir sobre a vontade de outro ser?

Aprecio muito a idéia de Locke sobre o “Homem no Estado de Natureza”, antes de formalizar o “Contrato Social”, onde as relações humanas deveriam ser pautadas sobre a premissa de que “o meu direito termina quando começa o direito do outro”, não que de certa forma isso não exista após a instituição de normas que garantam tais direitos, mas o que questiono aqui é exatamente esse pensamento puro e simples do não interferir no direito de outro ser.

Temos o direito de amar, temos o direito de odiar, temos o direito de nos vestir da maneira que quisermos (isso porque nos foi instituído usar roupas, pois se não fosse “obrigatório”, talvez muitos utilizariam o direito de andar por aí nus em dias de calor extremo), temos o direito do que quisermos sobre NOSSA existência. Porém, o fato de amar alguém não nos permite fazer que outra pessoa nos ame se isso não for o que ela sente, é interferir no direito do outro. Não podemos querer que alguém odeie algo só porque odiamos. Não aprendemos o conceito da liberdade, mas sim, da imposição de valores.

Nossa liberdade, em muitos casos, é imposta pela sociedade. Temos que acreditar nos valores que nos são passados pela família, pelos amigos, pela sociedade no geral, então, de alguma forma essa liberdade deixa de ser plena e se torna parcial. Nossa autonomia sobre nossas ações é gerida por imposições de moral, costume, política para uma organização de bem-viver.

“Tenho como fórmula um princípio. Todo naturalismo na moral, isto é, toda sã moral, está dominada pelo instinto da vida; [...] A moral antinatural, isto é, toda moral ensinada, venerada e predicada até agora, se dirige, ao contrário, contra os instintos vitais e é uma condenação já secreta, já ruidosa e descarada desses instintos.” (Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos)

Padronizar comportamentos talvez seja uma maneira mais simples de entender e organizar a sociedade, porém, para mim, e também para Nietzsche, essa liberdade formatada nada mais é do que a condenação do que há de mais puro e belo no ser humano em seu estado natural: a verdade. Se usássemos nosso poder racional para entender as emoções, saberíamos o momento exato de não interferir nos direitos dos outros.

Escuto as pessoas falarem sobre o amor. É lindo quando vemos os casais apaixonados e achamos que nasceram um para o outro. Realmente isso seria lindo se ela não fizesse bico quando ele tomou todas no bar com os amigos, chamou a garçonete de gostosa e esqueceu de ligar pra ela ao chegar em casa. Pois bem, se o amor é um sentimento puro e se baseia na liberdade, sim, LIBERDADE, pois amor sem liberdade não é amor, é POSSE, por que é que o moço não pode usar sua liberdade para um momento de descontração com os amigos? E por que ele tem a OBRIGAÇÃO de telefonar para avisar que está tudo bem? Calma, meninas, não estou sendo machista, também me questiono por que eles fazem birra quando saímos sem suas companhias e não damos satisfação sobre o que estávamos fazendo. A questão aqui não é machista ou feminista, mas sim, sobre a intervenção nas escolhas do outro, sobre a falta de entendimento sobre a LIBERDADE.

Rousseau já defendia a idéia de que o homem é bom por natureza, mas está sujeito às influências corruptoras da sociedade. Acreditava sim que ciúme em relações amorosas é algo intrínseco ao ser, porém, isso não pode ser instrumento de limitação, pois ao renunciar à liberdade, o homem abre mão de suas qualidades que o definem como humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do espírito. De acordo com o filósofo, para que possamos recuperar a liberdade perdida pelos padrões impostos pela sociedade é necessário um verdadeiro mergulho rumo ao nosso autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.

Agora proponho a experiência sensorial de entrega à natureza: você se imagina sendo controlado, fazendo tudo o que os outros querem sem poder mudar nada? Ouviria cada ordem sem questionar o que sente de verdade? Não procuraria no seu íntimo o que gostaria que acontecesse em determinada situação? Não desejaria que todos os atos tomados em sua vida fossem repletos de realização e felicidade? Não gostaria de sentir-se livre para falar e agir da maneira como realmente acha que deve ser? Já imaginou sua vida perfeita? Então agora me pergunto, em algum momento se pegou pensando numa vida aprisionada e seguindo limitações impostas e não que venham do seu verdadeiro ser? Seja livre, deixe os outros livres e assim a felicidade plena acontece na sua vida.

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: ‘Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vive-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequência’ – [...] Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal em que lhe responderias: ‘Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” (Friedrich Nietzsche, A gaia ciência)

Somos seres livres e capazes de mudar nossa realidade. Não podemos nos permitir contaminar com as loucuras sentimentais que a sociedade cria ao longo de sua existência. Devemos procurar nosso mais puro sentimento, e buscar uma vida livre e feliz! Nada que é oprimido pode ser saudável às nossas razão e emoção e NUNCA devemos impor a outro ser a maneira como ele deve fazer sua vida feliz.

Faça por você, se liberte dos conceitos mesquinhos e crie uma atmosfera de real liberdade para atingir a felicidade, todo o resto, é conseqüência de suas ações balanceadas entre razão e emoção.

Andressa Dantas