quarta-feira, 13 de julho de 2011

O misterioso caso do desaparecimento do almoço

Sempre gostei muito de cozinhar. Quando era criança preparava macarrão instantâneo com maestria e acreditava ter feito algo muito elaborado. Auxiliava minha bisa, minha avó e minha mãe na cozinha; batendo claras em neve, misturando a massa do bolo, cortando ingredientes, até que comecei a cozinhar meus próprios pratos. No começo eram muito salgados ou até mesmo um pouco queimados, mas com o tempo passaram a se tornar motivo de reunião entre amigos e familiares. Realmente a prática leva à perfeição!

Uma pena que com a correria da tripla rotina de trabalho (assessora de imprensa, jornalista e cantora) eu não tenha tanto tempo livre para me dedicar a preparar aquela comidinha com o tempero exato e com os ingredientes necessários para uma saúde exemplar, muitas vezes acabo optando por sopas de caneca, coxinhas de bar ou um PF no boteco mais próximo, faz parte da profissão...

Costumo dizer que eu trabalho 24 horas por dia. Parece impossível, mas é real! Até os meus sonhos servem de inspiração para composições, textos e pautas. Quantas vezes chego em casa e vejo várias coisas para fazer, porém deixo minha vida pessoal de lado para cuidar da vida pessoal de clientes, criar estratégias para seus negócios ou então finalizar matérias que preciso entregar na data correta para o fechamento da revista. Poucas horas para dormir ou para apenas relaxar lendo um bom livro ou assistindo a um filme de terror tosco, mas divertido!

Trabalhar com arte e comunicação é estar o tempo todo pensando, prestando atenção ao que acontece por perto, ao que acontece longe e até mesmo ao que não aconteceu. É saber inovar, entender o público e oferecer-lhes algo pelo o qual estejam buscando. Talvez por isso a minha paixão pela gastronomia; assim como jornalistas buscam assuntos, chefs buscam sabores.

Dia desses me dei o direito de almoçar em casa. O tempo que eu ficaria num restaurante aguardando a comida seria o mesmo de prepara-la, tendo ainda a vantagem de escutar boa música e gastar um valor bem menor pelo prato. Não que eu seja sovina, mas, almoçar fora todos os dias, quando unido aos happy hours do trabalho, com clientes e com a banda consomem uma quantia significativa do meu orçamento, então, sempre é bom dar uma maneirada nos gastos. Sem contar que almoçar em casa ainda me rende frutas frescas como sobremesa e algumas gargalhadas ao ver o Gato (meu bichano de estimação) aprontando suas peripécias.

Ainda não descobri uma forma de associar cultura e gastronomia à investigação. Sim, do dia para a noite me tornei uma repórter investigativa. Na realidade nunca achei que isso pudesse acontecer comigo. E de repente uma pauta sobre desaparecimentos misteriosos caiu em minhas mãos. De certa forma a investigação seria voltada à gastronomia, mas ainda era pouco para entender como proceder diante da situação.

Há alguns dias meu chefe contava sobre o tanto de absurdos que já vivenciou em empresas. Picuinhas pequenas entre departamentos, briguinhas por uso de materiais e até mesmo funcionários que buscavam solução para a mistura de suas marmitas, que haviam sido roubadas. Isso me fez lembrar de uma foto que vi no facebook, lembro-me que na época ri muito achando uma situação absurda e sem o menor cabimento, mas era a foto de um cartaz que dizia: “por favor, não roube a mistura da marmita”. Nesse momento acreditei que aquele cartaz não era apenas uma brincadeira, mas, sim, um problema que acontecia em empresas. Mas ainda acreditei que seria aquele tipo de “caso folclórico” que jamais presenciaria em meus anos de trabalho.

No dia seguinte ao que preparei o almoço em casa, resolvi levar marmita ao trabalho, afinal, havia ainda comida suficiente para duas pessoas. Preparei então um potinho com almoço para uma colega de trabalho e para mim. Mas, como nossas rotinas nunca existem, cada uma foi para uma reunião e não nos encontramos no almoço. Acabei comendo num fast food na rua e de uma reunião corri para outra. Cheguei ao escritório morrendo de vontade de comer uma mixirica, havia separado meia dúzia e levado de sobremesa, para distribuir a algum colega que também quisesse. Mal coloquei minhas coisas na mesa e corri para a cozinha. Ao chegar lá não encontrei minhas frutas, nem a marmita. Ao menos fiquei feliz que o almoço havia sido consumido pela colega. Por fim achei uma mixirica escondidinha na geladeira e voltei ao trabalho.

Após finalizar aquela fruta suculenta e adocicada, num momento de paz e tranqüilidade recebi a notícia que me deixaria alerta: a minha colega não havia almoçado! Eis que me deparo com a situação que até então seria folclórica e absurda, havia entre nós um “ladrão de marmitas” na empresa. E não, ele não roubava apenas a mistura, o serviço era completo, até deixava o potinho lavado e guardado na bancada.

Por um momento tive até uma sensação de satisfação: minha comida estava tão bonita que apeteceu alguém. Por outro lado me senti revoltada, afinal, como é que alguém rouba o almoço de outra pessoa? Para mim a situação é totalmente surreal! Já dividi tanta marmita com amigos que nunca pensei que alguém pudesse sumir com o almoço de um colega sem antes pedir. Cheguei ao ponto de dizer que estou indignada, mas não quero mais pensar no assunto.

Melhor me concentrar na pauta de investigação. Afinal, agora terei que cuidar de gastronomia, cultura e ainda colher informações suficientes para escrever a saga do “ladrão de marmitas”. Cuidado, você pode ser o próximo!


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